Black Friday: Black Friday no Brasil: Como foram todas as edições

A maior ação de vendas anual do mundo parece ter caiu no gosto dos brasileiros.

Faz alguns anos que a Black Friday, evento de sucesso absoluto nos Estados Unidos, chegou ao país. Porém, apesar de ter gerado grandes polêmicas, o potencial de vendas dos e-commerces nessa data só aumenta com o passar do tempo.

Embora seu início em 2010 tenha sido bastante turbulento, com falta de infraestrutura e muita manipulação por parte dos lojistas nacionais, ambas as partes dessa relação evoluíram, e hoje as empresas estão investindo cada vez mais em diferenciais competitivos para superar seus adversários.

Tanto os comércios online quanto os físicos aprenderam que o consumidor moderno pesquisa, é seguro das suas decisões e não cai mais em “promoções de metade do dobro”. Atualmente, mesmo no período de Black Friday, é preciso atrair e nutrir o seu público da maneira correta. 

Black Friday 2010

O Black Friday é um evento há muitos anos consagrado no comércio varejista dos Estados Unidos. Porém, a ideia foi implementada no Brasil apenas em 26 de novembro do ano de 2010, graças à iniciativa do publicitário Pedro Eugênio.

O objetivo era impulsionar as vendas do seu site, Busca Descontos, criado em 2006 com a finalidade de reunir as melhores ofertas da internet. Então, após participar da edição americana do ano de 2009, Eugênio quis trazer a proposta aos consumidores brasileiros.

A primeira Black Friday em terras nacionais contou com a participação de grandes nomes do nosso e-commerce, como: Americanas, Walmart, Shoptime, Compra Fácil, Submarino. 

No entanto, os clientes tinham acesso às ofertas somente por meio do site “Busca Descontos”, em vez de procurarem diretamente nas lojas de seu interesse.

Com a realização do evento em 2010, o comércio eletrônico nacional conseguiu movimentar a cifra de R$ 3 milhões, e com uma taxa de ticket médio mais elevada do que de costume — entre R$ 350,00 e R$ 450,00 reais.

O resultado, entretanto, foi decepcionante para os consumidores, tendo em vista que os descontos eram bem menores que o prometido, algumas vendas feitas de forma casada, sem deixar de mencionar as lojas que aumentaram os preços alguns dias, para depois diminuir no dia da Black Friday.

Black Friday 2011

Diante dos resultados da edição anterior, a expectativa dos lojistas para a segunda ação de Black Friday era o faturamento de R$ 15 milhões de reais. Para tanto, os principais comerciantes de varejo do país prometeram descontos entre 30% e 90%.

Os resultados, entretanto, foram bem mais satisfatórios, chegando à marca de R$ 100 milhões. Avanço bastante expressivo se comparado ao ano anterior.

Além da participação de comércios importantes do cenário empresarial brasileiro — Magazine Luiza, Ponto Frio, Apple, Saraiva, Dafiti, Dell e Fnac —, percebe-se que as promoções também se estenderam para o mundo físico, o Extra também garantiu os descontos para quem foi às compras presenciais.

Em 2011, também se percebeu que os e-commerces começaram a lançar as suas próprias campanhas, independentemente do cadastro no site Busca Descontos.

Black Friday 2012

Embora as práticas de descontos fictícios tenham continuado no ano de 2012, o faturamento com a Black Friday brasileira continuou batendo recordes e, em apenas 12 horas de promoção, as vendas online já haviam superado os resultados do ano anterior.

Entre as categorias de produtos mais procuradas pelos consumidores, os itens que continuaram no topo da lista de desejos foram:

  • celulares;
  • eletrônicos;
  • eletrodomésticos;
  • informática;
  • games.

No entanto, o que realmente marcou o evento nesse ano foi o acompanhamento ativo por parte dos órgãos de defesa ao consumidor, que analisaram as denúncias de falsas ofertas e notificaram as empresas responsáveis.

Nesse sentido, o site oficial da Black Friday no Brasil também tomou a atitude de disponibilizar uma área específica para que os consumidores que se sentissem lesados, o que resultou no bloqueio de centenas de ofertas durante o período de promoção.

Black Friday 2013

Segundo dados do Estadão, em seu 4º ano consecutivo a Black Friday rendeu ao comércio eletrônico um total de R$ 770 milhões, mais uma vez superando as expectativas dos lojistas. No entanto, foi o aumento de 217% no volume de vendas que recebeu destaque.

Além de tentar combater a imagem de ser um evento de fraudes, uma das grandes reclamações foi em relação à infraestrutura das páginas — muitas pessoas reclamaram que sequer conseguiam entrar nos sites, ou, quando acessavam, a conexão caía e a página ficava fora do ar.

Dessa forma, o crescimento da adesão do público ao evento também trouxe a necessidade de se investir no aparato técnico necessário para garantir fluidez na navegação dos usuários.

Ainda de acordo com o Estadão, o percentual médio de descontos da Black Friday 2013 ficou em torno de 20%, e as áreas mais procuradas foram a telefonia, os eletrodomésticos, os eletrônicos, a informática e os games.

Assim como nos eventos anteriores, nesse ano a Black Friday continuou marcada por experiências negativas, mas, aos poucos, as empresas amadureceram e estão evoluindo para proporcionar algo mais alinhado possível com a campanha original.

Black Friday 2014

O objetivo do comércio eletrônico na Black Friday de 2014 foi, sobretudo, acabar com a má reputação do passado, provando estar aprendendo com o tão criticado erro de maquiagem de preços.

Para tanto, a Câmara-e.net, em parceria com o site Busca Descontos, grande responsável pela implementação do evento no país, criou uma espécie de selo de qualidade que assegurasse a boa intenção das empresas.

Dessa forma, as empresas que quisessem contar com esse respaldo deveriam aceitar e cumprir o código de ética do evento. Esse talvez tenha sido o ponto-chave para que os comerciantes entendessem a responsabilidade de lançar promoções reais, ainda que não conseguissem alcançar percentuais de 70% de descontos como nos Estados Unidos.

Com o público mais familiarizado, mesmo em meio a um momento de estagnação da economia, os resultados da campanha de 2014 seguiram a tendência de crescimento dos lucros e superaram a casa de R$ 1 milhão.

Black Friday 2015

Dados informados no site blackfriday.com mostram que em 2015 houve uma sensível mudança no perfil de compra dos consumidores. Se na edição anterior os homens estavam com um percentual de compras aproximadamente 6% acima das mulheres, neste ano, a diferença caiu para 2,2%.

Mais uma vez as vendas superaram as expectativas do mercado e também o faturamento do último ano — R$ 1,5 bilhão de reais contra R$ 872 milhões de 2014.

Também houve uma troca de posições no ranking das mercadorias mais procuradas, que seguiu a ordem de eletrodomésticos, celulares, eletrônicos, informática e móveis.

Analisando as vendas por região, é possível observar que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro lideraram o ranking de maior faturamento, seguidas pelas capitais Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.

A novidade em 2015 se deve ao fato da redução do número de reclamações, o que aconteceu pela primeira vez desde a edição inicial do evento. Houve uma queda de aproximadamente 1/3 da insatisfação do consumidor, sendo a maioria das reclamações da categoria de informática.

Black Friday 2016

Se por um lado ao longo desses 5 anos as empresas evoluíram na credibilidade das suas ofertas, na edição 2016 do maior evento de promoções da internet, percebe-se uma mudança importante no comportamento dos consumidores — eles começaram a pesquisar mais antes de fechar qualquer compra.

Antes, as reclamações tinham início logo nas primeiras horas do evento, mas, agora, as queixas se concentraram na segunda metade do dia, sinal de que os internautas fizeram boas comparações antes da decisão final.

Ainda que não se tenha perdido o estigma de propagandas enganosas, de um modo geral as lojas investiram na veracidade dos descontos, e os clientes aprenderam a ser mais cautelosos.

Black Friday 2017

Como um evento já consagrado no calendário brasileiro, a Black Friday de 2017 mais uma vez obteve crescimento e muitas polêmicas para contar. Em um levantamento feito pelo site Reclame aqui, foram 3.503 reclamações a mais que em 2016, e o motivo principal não é nenhuma surpresa: propagandas enganosas.

Nesse contexto, as lojas com maior número de descontos foram:

  • Ponto Frio;
  • Extra;
  • Americanas;
  • Walmart;
  • Casa Bahia;
  • Submarino;
  • Magazine Luíza.

O que ficou constatado é a interessante estratégia de queda dos preços durante o mês de outubro e começo de novembro. Ao chegar próximo ao dia do evento os valores dos produtos são elevados, e na Black Friday mais uma vez eles são reduzidos.

Segundo dados do blog Inteligência Corporativa, a lista dos cinco Estados brasileiros que mais buscaram pela promoção Black Friday é a seguinte: São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Contudo, a região sudeste continua sendo a responsável pelo maior volume de vendas do evento. Nessa edição, o Brasil ocupou a 23ª posição no ranking mundial.

Além do mais, a Black Friday 2017 ficou marcada pelo maior número de compras sendo realizado por pessoas do gênero feminino. 

Quais foram os produtos mais procurados nesse ano? O destaque foi para o Sony Xperia Z2, Burguer King, Subway e Vans. Além disso, em alguns itens verificou-se um aumento de pedidos, comparando com um dia normal. Nesse caso, o índice dos eletrodomésticos, por exemplo, cresceu aproximadamente 15,8 vezes.

Black Friday 2018

Em 2018, a Black Friday veio acompanhada de algumas novidades bastante inovadoras, tendências que provavelmente vieram para ficar. Entre elas, ações promocionais de empresas para empresas (B2B), um campo até então inexplorado e com grandes potenciais de crescimento.

Outro diferencial dessa edição diz respeito à aposta no conceito omnichannel por alguns varejistas, a exemplo da possibilidade da realização de compras online e retirada nas lojas físicas, variados canais de compra com aplicativos, redes sociais, televendas, uso de chat boats e também assistentes virtuais.

Enfim, além da credibilidade nos preços, as empresas buscaram se alinhar cada vez mais com a melhor experiência do consumidor. E justamente pensando nisso, algumas lojas resolveram antecipar suas ofertas, começando desde o início de novembro.

Registrou-se ainda na Black Friday de 2018 algumas nuances que foram além do comércio. No Bairro Liberdade, a maior ação de descontos do ano também foi integrada com atividades culturais, os shoppings se prepararam para proporcionar bem-estar aos clientes.

Black Friday 2019

As vendas online da Black Friday de 2019 simplesmente superaram todas as expectativas e renderam um total de R$ 3,2 bilhões de reais, isso sem contar o faturamento do varejo físico.

Nessa edição, as grandes empresas que já tinham experiência com a data se mostraram ainda mais preparadas e alinhadas com as características dos seus consumidores.

De um modo geral, as pessoas buscaram por um leque bastante diversificado de produtos, e não necessariamente aqueles de valores mais altos ou maiores percentuais de descontos.

Ainda de acordo com o Estadão, o crescimento da Black Friday de 2019 foi de 25% para o comércio eletrônico, sendo que 55% do seu total foram realizadas por meio de celulares. Já as lojas físicas tiveram um aumento de 8% em relação ao mesmo período de 2018.

Mesmo com tantos avanços, obviamente houve muitas reclamações. Dessa vez, os líderes desse ranking, ao menos no Procon-SP, foram o Burguer King e o McDonald’s, com um total de 653 e 426 registros, respectivamente.

Seja oferecendo entregas expressas, frete grátis ou multicanais de atendimento, a nova percepção dos logistas é que um mínimo detalhe pode ser decisivo para um bom desempenho. Por isso, é indispensável atentar para as expectativas do mercado e preparar as estratégias do seu negócio com antecedência.

Apesar de todos os percalços, a importação da ideia do Black Friday trouxe impactos positivos, sobretudo uma maior conscientização por parte dos empresários. A edição brasileira está longe de atingir a perfeição, mas aos poucos o consumidor vem sendo mais respeitado e se deparando com campanhas voltadas para a sua satisfação.

Com o passar do tempo o modo como enxergamos essa ação está se modificando, principalmente pela maior familiaridade dos consumidores com a integração dos mundos físico e virtual. Para entender melhor o assunto, confira nosso artigo sobre Spatial Web e descubra as inovações desse cenário.

Fonte: https://inteligencia.rockcontent.com/black-friday/

Redação Black Friday