Os organizadores do Black Friday brasileiro já haviam reconhecido a maquiagem de descontos durante a megaliquidação e dado orientações para o consumidor fugir de ofertas falsas. Mesmo assim, na edição deste ano, o Procon chegou a notificar sete varejistas por causa desse problema. Um estudo divulgado nesta quinta-feira (13/12) pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) confirmou que as queixas dos consumidores têm fundamento: na edição de 2012 do Black Friday brasileiro os preços da maioria dos produtos aumentou em vez de diminuir.
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O levantamento acompanhou o preço de 1.728 produtos nos sites das principais empresas varejistas antes, durante e depois da data do evento, que foi realizado no dia 23 de novembro. Foram analisados produtos eletrônicos, eletrodomésticos, itens de informática, entre outros. Nos dias que antecederam o Black Friday (22 e 23 de novembro), o preço desses itens teve alta média de 8,5% em comparação ao período anterior, de 12 a 20 de novembro.
No dia do evento, 92,2% dos produtos foram mantidos com os mesmo preços. Quando considerada a média dos preços, houve ainda uma alta de 0,06%. “O comportamento monitorado não permite afirmar que houve de fato uma promoção sob os auspícios da marca Black Friday. Tal comportamento acaba por desacreditar tais iniciativas”, aponta a conclusão da pesquisa, feita pela Provar em parceria com a Felisoni Associados e com a Íconna.
Apenas 48 itens (2,8%) apresentaram redução real de preços. Considerando-se a média de preços, no entanto, a única redução constatada pelo estudo foi na semana seguinte a Black Friday, de 26 a 30 de novembro, quando houve queda de 0,29% no preço médio dos itens pesquisados.
Pedro Eugênio, CEO do Busca Descontos, portal que organiza o Black Friday brasileiro, disse que solicitou uma cópia do estudo para analisar a metodologia adotada na pesquisa. Só depois desta análise ele irá se posicionar sobre o assunto. Segundo ele, no portal oficial do evento, todas as ofertas publicadas tiveram análise prévia para garantir que se tratavam de itens com descontos reais. “Todas as ofertas do portal passavam por um filtro, mas isso não impede que os varejistas pudesse fazer alguma promoção diferente nos seus portais”, afirma.
Segundo ele, a maioria das queixas recebidas pela organização do evento foi sobre indispobilidade de produtos e não sobre preços. “O Black Friday é um evento muito novo no Brasil, ainda está em processo de amadurecimento. As lojas que fizeram maquiagem de preços se queimaram com o consumidor, enquanto as que ofereceram um desconto real certamente tiveram um retorno da compra”, diz.
As vendas do Black Friday neste ano movimentaram R$ 217 milhões no comércio eletrônico brasileiro, montante 117% superior ao faturamento na mesma data do ano passado. A previsão inicial do Busca Descontos era de uma movimentação de R$ 135 milhões.